Quando me tornei mãe, ouvi inúmeras vezes a frase “aproveite enquanto é criança, pois quando chegar à adolescência, a coisa fica feia”. E, de fato, esse momento chegou para mim. Meu filho, um garoto querido e amoroso, de repente começou a transformar-se em um desconhecido, com opiniões muitas vezes conflitantes com as minhas.
Me pegava frequentemente perguntando o que estava acontecendo. Será que ele estava passando por algum problema? Será que havia influências externas? Ou seria apenas uma fase passageira?
A verdade é que, assim como muitos pais, eu tive dificuldades em lidar com as mudanças que a adolescência promove. E não é para menos: é uma época de muitas transformações, tanto físicas quanto psicológicas. Nessa fase, é comum o surgimento de ansiedades, dúvidas e inseguranças.
Mas, ao contrário do que muitos pensam, a adolescência não é só “tensão e rebeldia”. É uma fase de descobertas, novas perspectivas, independência e autoconhecimento.
Um dos principais desafios é manter o diálogo com os filhos, mesmo quando eles estão resistindo. É difícil, mas é essencial. Quando meu filho começou a ficar mais distante, eu insisti em manter conversas com ele, mesmo que breves. Tentava entendê-lo e incentivá-lo a me contar o que se passava.
Nosso relacionamento era marcado por atritos, mas eu não desistia de investir nele. Foi aí que comecei a entender a importância de compreender e aceitar minhas diferenças em relação ao meu filho.
Uma das estratégias que adotei foi buscar entender melhor os interesses e gostos do meu filho. Mesmo que não concordasse com algumas coisas, procurei respeitá-lo. Descobri que ele tinha algumas habilidades e talentos que nunca havíamos explorado juntos. Passamos a praticar atividades que nos aproximaram, como ir ao cinema e jogar videogame.
Também percebi que muitas vezes eu cobrava demais dele e esperava que ele agisse como um adulto, quando na verdade ele ainda era um adolescente enfrentando muitas mudanças. Comecei a me preocupar mais com seu bem-estar e a permitir que ele se expressasse sem medo de julgamentos.
Claro que nem tudo são flores e ainda temos desentendimentos. No entanto, hoje é diferente. Temos um relacionamento mais aberto, baseado no respeito e confiança.
Das inúmeras frases que ouvi e li sobre a adolescência, a que mais me marcou foi: “é preciso amar o filho que se tem e não o filho que se gostaria de ter”. E é isso mesmo. A adolescência pode ser difícil, mas se buscarmos o diálogo e o entendimento, é possível atravessá-la fortalecendo nossos laços.
Quando olho para meu filho hoje, me lembro dos desafios que enfrentamos juntos e sinto orgulho de ter superado essa fase com amor e compreensão.
Enfim, a adolescência não é uma fase fácil, mas também não precisa ser um período de discórdias e conflitos. É preciso manter aberto o diálogo, investir em uma relação baseada no respeito e compreensão mútuos, e acima de tudo, amar os filhos pelo que eles são, não pelo que gostaríamos que fossem.
Assim como meu “aborrecente favorito”, é possível aprender muito sobre a vida e sobre nós mesmos nessa fase tão desafiadora. Afinal, a vida é feita de fases difíceis, mas também de oportunidades valiosas de aprendizado.